O mercado dos assistentes virtuais deu o que falar em 2019. Milhares de pessoas ao redor do globo perceberam que conversar com um robô facilita a interação, reduz o tempo para executar tarefas corriqueiras e ainda ficam livres para fazer outras atividades. Um exemplo claro foi o vídeo de apresentação do Nest Mini – a caixa de som inteligente da Google –, lançado no final do ano passado. Nele, um homem conversa com o Google assistente enquanto, literalmente, põe a mão na massa na cozinha. Essa liberdade é um dos diferenciais para quem já experimentou o gadget da empresa de tecnologia.
Dotados de inteligência artificial (IA), os assistentes virtuais estão se “libertando” dos smartphones e ganhando voz em outros dispositivos. Na Consumer Electronics Show (CES 2020), em Las Vegas, a plateia que assistia à apresentação do Samsung entrou em delírio com o Ballie, robô em formato esférico que funciona como assistente virtual móvel e “companhia” enquanto acompanha o dono pela casa. Associá-lo ao simpático BB-8, da saga Star wars, era inevitável. Por enquanto, ele é apenas um conceito.
Enquanto o robô-bolinha não chega ao mercado, outro exemplo de inovação já pode ser testado e visto de perto aqui mesmo no Brasil. Uma empresa nacional trouxe para o setor automotivo a conectividade e uso da inteligência artificial na condução dos veículos. A LogiGo – empresa de tecnologia criada em 2009 pelo executivo Antonio Azevedo –, produz centrais multimídias com assistentes virtuais integrados para grandes empresas automotivas como Toyota, Nissan e Mitsubishi. No lugar de simples computadores de bordo, a ideia foi oferecer soluções para que a interação homem-máquina fosse completa. Algo pouco comum no país.
Atualmente, a LogiGo anda lado a lado com a Disruptiv Technologies, braço de tecnologia criado por Azevedo em 2017 para antecipar e criar tendências com as quais empresas como Google estão trabalhando no setor de conectividade para carros. O condutor ainda pode tornar a experiência dentro do carro muito mais prazerosa com a ajuda de robô com inteligência artificial e com perfil humanizado, como se fosse um verdadeiro parceiro do motorista, alguém com quem conversar e interagir no veículo.
Além de player de música e navegação por GPS, a Central Multimídia com assistente virtual oferece aos condutores de veículos recursos personalizados (foto: Fotos: LogiGo/divulgação)
ALERTAS
Um diferencial oferecido pela tecnologia da LogiGo é a capacidade do assistente virtual de emitir alertas para os condutores. Ao consultar dados dos usuários contidos em seus smartphones, como agenda, contatos telefônicos, redes sociais e mapas, o robô é capaz, por antecipação, de sugerir soluções ao longo do dia. Azevedo cita um exemplo: “Imagine que um motorista tem um compromisso por volta das 9h em um destino localizado a 50 quilômetros da residência. O assistente, sabendo previamente das condições do veículo, como nível baixo do combustível e a pressão dos pneus, poderá sugerir, através de um alerta, que ele abasteça o carro na noite anterior e faça a calibragem adequada. Ao seguir para a reunião, saberá das condições do tempo e as melhores rotas”, exemplifica.
Entre outras funcionalidades ao usuário desenvolvidas pela plataforma estão o e-commerce, a coleta de dados de telemática – referentes à condução do motorista, segurança e saúde do veículo – e uma interação rica entre montadora e usuário. “É ali que está o grande valor do que fazemos. Desenvolvemos uma plataforma conectada que permite ao usuário baixar aplicativos de celular diretamente no veículo, com oportunidade para a montadora mandar mensagens diretamente ao cliente, o que abre muitas possibilidades de comunicação e de marketing”, diz Azevedo, que pode observar o fruto do casamento entre inovação e empreendedorismo.
FUTURO
Antonio Azevedo esteve na CES 2020 e viu de perto as novidades tecnológicas automotivas que estão por vir. “A feira confirmou o que já era esperado: o futuro da mobilidade são os carros elétricos e autônomos hiperconectados. A proposta do carro-voador – o protótipo apresentado pela Uber, em parceria com a Hyundai – é algo que acredito que veremos em breve. A montadora que não mudar diante do novo e de clientes mais preocupados com questões ambientais vai fechar as portas”, finaliza.
Antonio Azevedo, fundador da LogiGo, aposta que o futuro da mobilidade será de carros elétricos e autonômos
FATURAMENTO
E os números da empresa mostram ser bem expressivos. Em 2018, a LogiGo faturou R$ 120 mi- lhões. Para o futuro, Azevedo vislumbra ainda mais crescimento e inovação, projetando faturamento de R$ 1 bilhão para 2021. No ano passado, um plano de expansão da LogiGo foi posto em prática com a criação de uma gerência comercial para os negócios no Brasil, sem falar na busca de novas frentes para negócios na América Latina, principalmente no México. Com um escritório recém-aberto em Detroit, cidade-símbolo da indústria automobilística mundial, a LogiGo prepara-se para a primeira participação em uma feira do setor nos Estados Unidos, a TU Automotive, a maior conferência de tecnologia automotiva do mundo. Ainda até a metade do ano, a empresa de Antonio terá também presença física na Cidade do México.